- “Deka a Era Barbie acabou pra ti”. Aquilo me soou como um desaforo, dos mais mal educados possíveis. Quem aquele professor, que lecionou por dois semestres em duas disciplinas diferentes pensava que era para me dizer tamanha ofensa? Era Barbie? Eu? Justo eu que sempre me achei “cool” e nada paty? Eu que sempre tive pavor da Barbie!!!? Eu que sempre quis ser forte, determinada: WHAT?
- “Está na hora de assumir quem tu és e deixar as aparências de lado, está na hora de usar esse talento e parar de se preocupar com o que os outros pensam, menina”.
As lágrimas me vieram aos olhos. Mas eu não podia chorar, não na frente dele. Aqueles olhos marrons escuros, por trás de um par de óculos me devoravam por dentro: como ele podia saber exatamente o que eu estava sentido?
Do ódio ao carinho. Áquelas palavras passaram de ofensa à alívio imediato. Alguém percebeu que este fardo da “bonequinha da tv” estava acabando comigo. Eu amava o que fazia, mas viver mantendo uma postura luxo e conveniente à todos os eventos e momentos não me confortava, pelo contrário eu me sentia podada pelas roupas justas, o cabelo costurado no couro cabeludo, os saltos agulhas. A maquiagem o dia inteiro me cansava, me fazia sentir suja! Eu queria apenas ser algo que sempre fui, fazer palhaçadas, cantar enquanto caminho nas ruas com o ipod nos meus ouvidos, curtir rock, pop, samba, ler crônicas, ler Érico Veríssimo, alugar mais de mil vezes “O tempo e o vento” só para ver o Capitão Rodrigo, gostar de três guris ao mesmo tempo, andar descalça, andar aos pulos, me emocionar, sentir o que eu já não sentia mais. Ser percebida e admirada por isso, não pelo estereótipo perfeitinho.
Naquele exato momento, cercada por classes e cadeiras e com aqueles olhos que muito me inspiravam e traziam sabedoria eu me dei conta do que estava fazendo comigo mesma.
Naquele instante algo me pareceu fazer sentido. A comparação da minha pessoa com a Barbie me causou náuseas: eu sempre detestei tal boneca, achava ela chata e impecável demais, nojetinha sabe?. Eu queria ser a Sabrina Parlatore, apresentar programas com o jeito despojado da Fernanda Lima, fazer loucuras com o cabelo como a Mari Moon, ter a sabedoria do Serginho Groisman, a irreverência e a inteligência do Rafinha Bastos, mas não ser como a BARBIE!!
Entender que a “Era Barbie” tinha chegado ao final era me desapegar do fútil, valorizar o que me faz ter valor, acreditar nos meus ideais e relembrar dos meus sonhos. Ouvir que estava na hora de assumir a minha identidade era abdicar de uma série de medos e pânicos que não me faziam o menor sentido, que me impediam de viver.
Para mim a era da bonequinha chata e disciplinadinha demais passou. O que eu vivo hoje é o que eu sou em busca daquilo que quero vir a ser, sem medos, sem amarras, sem ligar para o que os outros vão dizer, acreditando apenas em mim. Ainda bem, que naquele final de aula (e de semestre) o professor me chamou para uma conversinha, ainda bem que eu detestei o sermão, foi só assim que eu pude perceber o quão longe estava de mim mesma.
Parabéns!!! Coragem hein!!! Tem vários problemas que a gente não tem como resolver, mas se tivermos coragem e força pra nos livrar do que está nosso alcance tudo fica muito mais fácil!! Fooooooooooorça!
ResponderExcluirmenina, deixa eu te dizer uma coisa: quando se tem a oportunidade de conviver com pessoas tão especiais, tão cheias de vida e vontade, e, nessa convivência, também aprender, também crescer; sobretudo a partir do que nos é mais caro - a conversa franca, olho no olho, sobretudo viva - pouca coisa resta a dizer que não obrigado. saiba que é bom demais tê-la por perto; vê-la crescer, tornar-se, a cada novo dia, o que, sabemos, você efetivamente é. valeu, menina!
ResponderExcluirDekão...orgulho de ti. Essa é a palavra. Esse texto reflete bem a tua busca. Que bom que sempre aparecem anjos na tua vida para te orientar. Nem sempre, naquele momento, é o que queremos ouvir, mas o tempo prova o quanto isso contribui para nos tornarmos pessoas melhores. Te amo! Continues escrevendo.
ResponderExcluirMãe
Sis, eh bom saber que mais 1 step foi alcancado, e que isto lhe faz bem. Estarei sempre aqui, na plateia, te admirando e lhe dando forcas, para que continue as tuas conquistas e que esta maturidade continue a lhe fazer crescer, esta mulher linda que es!
ResponderExcluirAMo
Sempre
Di
Deka!
ResponderExcluirAcreditar em si, vencer o medo, ter o direito de errar...tudo isso são coisas que não devemos esquecer, e procurar fazer aquilo que nos faz feliz, sem preocupar-se com que " os outros vão pensar" !!!O mundo precisa de pessoas assim!! Futilidades...ah! deixa pro " outros"!!Torço muito por você! Seja feliz! bjs
Ana Luiza Ribeiro