Meu problema ou mundo problemático?

Tem alguma coisa muito errada no mundo. Se não é no mundo, é comigo. Cada vez me espanto mais com os valores das pessoas, isso quando o indivíduo ainda tem algum.

Hoje é domingo de páscoa, e foram poucos os que se preocuparam em estar com a família nesta data. Salvos aqueles que moram longe e não conseguem estar perto, me pergunto qual o significado que a família tem? Qual valor que vocês dão à ela?

A um ano atrás, nesta mesma época do ano, eu estava na Flórida. Passei a Páscoa em Tampa. Perfeito não? Não, não mesmo. O lugar era perfeito, mas faltava algo para que tudo aquilo fizesse sentido, faltou aquelas pessoas com sentimento sincero, aqueles que não te julgam, não te querem mau, que torcem por ti, faltou a família por perto. Eu estava em meio a tantas pessoas, mas me sentia tão sozinha. Os olhares me pareciam vazios, cheios de desconfiança. Era Páscoa, mas aquela, não passou de uma data a mais no calendário. Faltou abraço forte e sincero. Faltou eu dar meu bom dia mau-humorado. Faltou o churrasco do pai, e a irmã dizendo: “pintei as unhas, hoje a louça é tua”. Faltou a mãe fazendo seu questionário sobre a noite anterior. Faltou.

Esse ano foi diferente, a páscoa foi com a família. Quem dera eu, que todo final de semana rolasse esses encontros de família, quem dera todos fizessem isto, ao menos nas datas importantes, talvez assim, os tais valores não seriam esquecidos. Talvez assim, todos lembrassem de suas raízes, sua essência e desta forma poderiam estar impedindo, quem sabe, a proliferação da sentimentos desumanos como a ganância, o egoísmo e a falta de amor verdadeiro.

É tão mais legal ouvir teu avô contar histórias da tua família, do que saber se fulano pegou ciclana, ou que a outra lá tava usando uma roupa horrível e brega, ou que a umazinha aquela bebeu até cair (e saber que o ser ainda se achou o máximo por isso!). É muito melhor se preocupar se quem amamos esta bem, e saber que o amor que eles tem por ti é sem cobranças e verdadeiro do que correr contra o tempo a procura de algo que nem ao certo sabemos o que é apenas para nos satisfazer momentaneamente, achando que assim aquele vazio será preenchido.

É preocupante, estamos sendo engolidos pelas coisas mundanas. O fútil está por todos os lados, ganhando cada vez mais espaço, e já não há mais o discernimento do certo e do ridículo, do que nos faz bem e do que não nos acrescenta nada. A prioridade são as festas de final de semana, o saldo de beijos e amassos, a quantidade de trago ingerido. Com isso, acaba-se o amor verdadeiro, as amizades eternas, os abraços sinceros. Quando que os habitantes deste mundo vão se dar conta disso? Quando que as pessoas vão parar de fingir que são felizes com tanto sentimento ilusório?

Comece pela família, pelos amigos de verdade, dê mais valor à eles, o resto vai ser conseqüência dos bons sentimentos. Eu quero olhares com ternura, abraços sinceros, beijos com amor. Eu torço para que as pessoas se dêem conta do quão mesquinhas estão sendo, deixando a família e suas raízes em segundo plano. Eu quero sentimentos verdadeiros, amor sem cobrança, amizades sem segundas intenções. Eu quero isso. Eu torço por isso.