A little late, but I'm back

Houveram muitas cobranças a respeito do meu blog. Leitores me questionaram até quando eu pretendia deixá-los a “ver navios”. Fiquei pensando, eles tem razão, desde maio não posto nada. Deixa eu dar uma breve explicação: do início de Junho até agora minha vida sofreu algumas mudanças, algumas drásticas mudanças eu poderia dizer. Depois de um ano convivendo com uma família norte americana, 365 dias me adaptando e vivendo em meio a novos amigos, horas e horas buscando aperfeiçoar meu inglês, me abrindo à nova cultura e tendo minha rotina já de costume, quando eu me sentia parte de uma nação e membro de uma família larguei tudo e fiz o processo invertido. Do novo, que já nem tão novo era assim, voltei pro antigo, pra confortável e já prevista vida de sempre.

Em Junho cá estava eu, mas com a cabeça totalmente lá. “Mãe dá para fazer mashed potatoes para janta?”; “Hey gurias, que tipo de Drink vamos ter na party tonight?”; “Isso amiga, you got it!”; “Irmã you messed up meu armário!!!”; “Não gosto desta música at all”. Foi inevitável a mistura dos idiomas, e impagável o rosto das pessoas com quem eu tentava uma comunicação ao se deparar com estas palavrinhas nada amigáveis para seus ouvidos. Sorry! Juro que foi sem querer...passou!

De volta ao português, e de volta a vida normal. Sim, isso mesmo. Assim que meus pés sentiram o solo brasileiro, meu corpo parecia se quebrar em pedaços. Tudo doía. A alegria de rever os velhos amigos e de estar em família e em casa era tanta que logo culpei as fortes emoções ao fato das dores. Quem dera! Três dias se passaram e lá estava eu, estampada em forma de estatística na capa do jornal : quarto caso de Gripe A em Santa Cruz do Sul. Foram 12 dias de total prisão domiciliar, eu quis dizer isolamento domiciliar. Como se não bastasse, no primeiro atendimento médico pude ouvir um comentário bastante relaxante:

- Na verdade tu és um dos primeiros casos de Gripe A no município, e nós não sabemos muito bem como proceder, mas como tu veio de Nova Iorque quem sabe não pode nos dar umas dicas. Constatou o médico.

Graças a Deus, estou viva! Viva e com saudades. O processo inverso não foi tão fácil assim. Voltar ao meu mundo foi bom, mas e aquele que construí lá?! Foi passageiro, eu sei, mas não pode ter sido só isso. Aqui tudo é mais seguro, mas a sensação do novo a cada dia me desafiava e me enlouquecia. Era uma mistura curiosa, às vezes dolorosa mas muito satisfatória. Hoje, daqui, sinto a sensação do papel cumprido. Começo de onde parei, porém é como se outra pessoa tivesse aberto a porta do meu quarto naquela noite do 17 de junho, dia em que retornei. Era um eu modificado, dá para entender? Voltou uma guria mais decidida, mais audaciosa, mais pensativa. Uma guria mais mulher, mas nem por isso menos sonhadora e com muita história pra contar. Voltei com o computador cheio de fotos e vídeos de momentos que jamais esquecerei. Voltei com o coração cheio de bons sentimentos e de amigos que por lá deixei. Enfim em casa, de volta, leve. Um ano lutando contra a saudade que me perturbava lá com as coisas de cá, que agora inverte daqui pra lá.

Com mil voltas, estou de volta. Faculdade, currículo na mão e muitos momentos para lembrar, com a esperança de que muita coisa ainda tem para acontecer daqui pra frente. This is the way that I have been.

Sorry pela demora, eu sei little late, but I’m back! =)