Morando fora do Brasil, a gente, por incrível que pareça, acaba conhecendo muito mais do misto de culturas que se esconde atrás do nosso verde e amarelo. Aqui nos Estados Unidos da América, vira e mexe, eu encontro pessoas que falam o mesmo idioma que eu. Curiosa de nascença, me aproximo e pergunto: vocês também são brasileiros? A primeira reação destas pessoas é responder sim, mas com ar de desconfiança “nós somos, mas você não parece ser brasileira”. Ok, mas sim eu nasci e morei quase a minha vida inteira no Brasil, o que me torna cidadã brasileira.
Conversa vai e vem, e é inevitável não soltar um “bah, mas capaz.....que tri!”. Neste instante já percebo uma certa distância entre mim e meus conterrâneos. E, é claro, imprevistamente em meio ao diálogo eles começam a falar coisas sobre estilo de vida, cultura e certas gírias, que me desculpem, mas eu desconheço. Como adoro novos aprendizados vou perguntando tudo que me causa dúvida, desde gírias a comidas, que levam nomes completamente diferentes dos quais eu tenho conhecimento. Eles vão respondendo, e curiosamente vão querendo saber sobre o meu estado também. Neste troca-troca de informações, não foi só uma, mas várias pessoas que acabam deixando escapar “mas afinal, você não veio do Brasil, este Rio Grande do Sul só pode ser outro pais!”. No início isto me causava profunda indignação, como isso, somos tão brasileiros quanto qualquer carioca, paulista, mineiro ou bahiano. Tudo bem somos tão patriotas quanto qualquer outro conterrâneo, mas o que não podemos negar é que os gaúchos são muito mais tradicionalistas do que qualquer outra pessoa dos estados alheios. Seguimos a nossa tradição a risca, e às vezes sem nos dar conta. Só percebemos o quanto nossas raízes são fortes quando paramos para conversar com alguém que mora fora dos pampas.
É só no Rio Grande do Sul que temos as quatro estações do ano completamente definidas, aproveitamos intensamente o calor e o sol do verão, como podemos desfrutar das delicias de um bom friozinho, e se bobiar temos até neve na Serra. Nós que comemos pinhão assado no forno à lenha. Nosso estado que é reconhecido pela qualidade na educação. São os nossos jovens que se reúnem na tarde para tomar chimarrão na praça. Só a gente sabe o que é descascar uma bergamota. Somos nós que temos sinaleiras ao invés de semáforos, e é o povo gaúcho que sabe o real sentido daquela parte da música do Armandinho “quem nunca imaginou pegar onda no Guaíba”. A gente arria o outro sem baixar as calças, e sabemos o que é uma gurizada tri legal. Aliás temos guris e gurias tchê! Ah, capaz que não sabia? Tu sabes bem do que eu estou falando!
Temos praia e montanha, frio e calor, sol e neve, cerveja e chimarrão! Não nos falta nada, nem trabalho nem diversão. E o mais engraçado é que podem até fazer piadas de gaúchos, mas todo mundo sabe reconhecer o valor do nosso amado estado. E quando estamos longe, nossa, que saudades...e mais do que nunca tenho a certeza de que as pessoas não estão blefando quando dizem que o Rio Grande do Sul é um estado à parte do Brasil. Quanto orgulho de gritar, ah, eu sou gaúcha!!!
nossa amiga, me arrepiei totalmente!
ResponderExcluirQ lindo de verdade, imagino como esta sentindo falta dessa terra q te "pertece"...
mas já já estará aqui de novo para curtir o teu Rio Grande.
Espero ainda te encontrar ai na América, para q tu me de forças..... qm vai entrar nessa aventura agora sou eu!!
Saudades imensas
Te amo de coração dekão!!