quinta-feira, 6 de outubro de 2011

E se eu disser que não quero? Qual foi?

E se eu disser que não gosto, que não quero nada disso para mim? Que simplesmente não quero pelo fato de não me fazer melhor, nem pior, eu sei, mas não quero. Não quero porque não combina comigo, não serve pra mim. Passo o tempo todo me sentindo desajustada, sufocada, sabe quando a gente insiste em usar aquele jeans um numero menor do que devemos para parecer mais magra? Não rola, certo? Aperta, machuca? É exatamente assim!
Calma, eu não vou jogar tudo pro alto e sair correndo sem direção, até porque não tenho um destino final, não sei nem para onde eu quero mesmo ir. Não sei o que eu quero, só sei o que não quero.
O querer é engraçado, a gente só consegue saber se quer ou não, mas porque sim e porque não? Ninguém explica, a gente sente.
E eu sinto diferente do fulano, que tem vontades opostas a do ciclano, que discorda totalmente com os desejos do beltrano, mas mesmo assim, a gente tem de conviver, tem que se ver, tem que viver.
Será que eu sou assim, estranha? Porque não me adapto ao normal? Mas vem cá: o que é mesmo o normal? Seguir uma linha previamente imposta e aprovada nunca fez muito o meu tipo...e não me venha com essa perguntinha infeliz de: “qual é então o teu tipo?”, se eu soubesse, não teria tais devaneios, tamanhos receios, imensuráveis incertezas de mim mesma.
Afinal, para que tudo isso? Qual minha certeza? Ou melhor, qual minha garantia por ser uma boa menina, seguir regras, me formar, estudar, conseguir emprego? Qual? Um diploma para pendurar na parede? Um sorriso de orgulho dos pais? Afinal, pra quê tanta correria, tantos prazos, tantas regras?
É por isso que insisto, eu não gosto!E não quero! E não gosto e não quero e PONTO! E se eu disser que não sonho com nada disso pra mim, vão fazer o que? Me internar por falta de lucidez, ou seria por insuficiência de discernimento do real? Desculpa, mas para mim o imaginário é tão real quanto o real, é tão possível quanto o concreto....e se certo é aquele que de tudo sabe e de tudo tem certeza, termino com um trechinho do poema de Fernando Pessoa:
“Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo não estão nesta hora gênios para-si mesmo sonhando? (...)”

Uma ótima semana de trabalho à todos, e fiquem felizes, hoje é quinta logo o final de semana chega para cumprir a melhor parte do ciclo social: o ócio insano de festas e “alegrias”!

6 comentários:

  1. Pecado original - Fernando Pessoa
    "[...] Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostas
    Sobre o parapeito alto da janela da sacada
    Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.
    Que é da minha realidade, que só tenho a vida?
    Que é de mim, que sou só quem existo? [...]"

    Achei muito oportuno fazer a citação deste poema, sobre a tua expressão. =]

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  2. Tão jovem, tão bela, tão cheia de vida, tão cheia de questionamentos...adorei a citação do poema de Fernando Pessoa, parece que ví tu olhando da janela do teu quarto e divagando contigo mesma. Ah, essa minha Deka a pequena pensadora deste mundão. Bjosss. Mãe

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  3. Tão jovem, tão bela, tão cheia de vida e de questionamentos! Gostei da citação do poema de Fernando Pessoa, parece que ví tu na janela do teu quarto, olhando o infinito e divagando contigo mesma...Minha pequena grande pensadora. Bjos. Mãe

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  4. Tão jovem, tão bela, tão cheia de vida e de questionamentos! Gostei da citação do poema de Fernando Pessoa, parece que ví tu na janela do teu quarto, olhando o infinito e divagando contigo mesma...Minha pequena grande pensadora. Bjos. Mãe

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  5. Essa fase da vida é complicada. Falo por mim, porque estou na mesma. Num dia tu tá curtindo a Sessão da Tarde, tomando aquele copo de leite com Nescau, no outro tá formado, trabalhando, sem saber bem como foi parar ali. É tudo muito rápido, a gente não tem nem tempo de refletir um pouco, planejar, ver se é isso mesmo que queremos fazer da vida. Quando finalmente cai a ficha, o caminho já foi traçado. E aí, o que fazer?

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  6. Às vezes, acho que a solução de todos os nossos problemas seria voltarmos a viver como "selvagens". Outras vezes, tenho certeza. Reflita sobre isso.

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